domingo, 8 de julho de 2012


A humildade  brilha na festa de São João
Segundo o amigo José Henrique Formiga este foi o oitavo ano de participação da Maçonaria no arraial junino de Santa Inês. Destes pude participar de dois e constatei que se trata de uma festividade com uma organização ímpar. Em nenhum ano eu vi um caso sequer de violência, o movimento é imenso, as brincadeiras que fazem o espetáculo são da mais alta qualidade: boi de Morros, boi de Axixá, boi Barrica, quadrilhas, danças portuguesas, entre outras brincadeiras. Todas da mais alta qualidade. Aliada às brincadeiras citadas tem as apresentações musicais dos chamados artistas da terra: Papete, Beto Pereira, Erasmo Dibel e tantos outros.
A criançada aproveita para desfrutar de todo esse espetáculo junino e ainda dos brinquedos do parque de diversões sempre presentes nesses eventos. Nas barracas, comidas típicas diversas: vatapá, caruru, galinha caipira, carne de sol, arroz Maria Isabel, arroz de cuxá, baião de dois,  bode cozido, mingau, canjica, churrasco, comidas para todos os gostos.
No âmbito de toda essa alegria a humildade maçônica se sobressai da forma mais singular que poderia acontecer num ambiente junino. Enquanto a sociedade de Santa Inês se diverte, vários expoentes desta, obreiros sociais, pessoas de bons costumes irmanadas pelo elo que os ligam ao bem estar comum, no afã de arrecadarem recursos para ações filantrópicas, se revezam como garçons, cozinheiras, ajudantes de cozinha, caixa, controlador de fichas, distribuidor de bebidas, coletor de lixo e outras funções próprias de barracas juninas.
Ora, pelo que essa plêiade de expoentes sociais representa economicamente, bastaria que se fizesse  uma pequena quota e certamente se arrecadaria mais recursos que em quinze dias de trabalho numa barraca instalada no parque junino. Isto é óbvio, todos sabemos disso, como sabemos também que a nossa devoção pelo nosso padroeiro São João representa algo que está fora de cotejo com qualquer valor monetário que se possa pensar. E, sem dúvidas, é essa devoção que faz com que durantes quinze dias, médicos, empresários, bancários, militares, comerciantes, industriais, proprietários rurais, funcionários públicos, engenheiros, professores, veterinários e tantos outros profissionais se despissem dos seus bem talhados ternos e vestissem serenamente a camisa da humildade para dedicar algumas noites de trabalho a São João.
Vi pessoas comuns da nossa sociedade muito orgulhosas pelo bom tratamento que receberam dos garçons da Maçonaria. Ouvi pessoas revelarem a alegria por serem servidas pelo Dr. Fulano, pelo engenheiro tal, ou por um empresário. Observei pessoas receberem tratamento tão esmerado, pautado na boa educação, no respeito, na delicadeza, na elegância, nos bons costumes, de tal forma que, não raras vezes, quando iam sair elas procuravam os garçons que lhes serviram para se despedirem deles. O gesto, na verdade era mais que uma despedida simplesmente, para além disso, expressava a gratidão pelo tratamento recebido. Presenciei a alegria imensa exteriorizada por um empregado ao ser servido por seu padrão, ali, a serviço de São João, apenas um garçon.

O quadro ali me lembrou, em alguns instantes, a samba enredo A Praia Grande, que o grande poeta César Teixeira fez para a Turma do Quinto, que num verso dizia “tinha tanto rei vestido de mendigo/e tanto mendigo vestido de rei”. Como os versos de César Teixeira, igualmente lindo foi o gesto desses homens e mulheres de bons costumes, que num movimento justo e perfeito de filantropia, exercitaram serenamente sem parcimônia a mais elegante humildade junina. Exemplo esse perfeitamente seguido pelos jovens demoleys que de tanto entusiasmo contaminaram os seus pais, e assim, sob a confiança do dono da Festa, São João, se destacou a família maçônica quando, no meio de tanto brilho e toda a pirotecnia junina se cobriu com a fosca camisa da humildade, para bem servir a sociedade de Santa Inês.

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