sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Eleições municipais em Santa Inês



Começaram as campanhas eleitorais, a televisão aberta reserva um espaço à manifestação dos partidos políticos, para que possam falar daquilo a que se propõem se forem eleitos. Nas ruas, os carros de som transitam pela cidade numa poluição sonora perturbante, sem qualquer controle de decibéis. Ao contrário, nesse embate, que tem mais poder fala mais alto. Candidatos pobres contribuem em menor escala para poluir o som das ruas.
Nessa parafernália sonora e planfetária fala-se de tudo, menos do essencial. Nenhum candidato ou candidata assume compromisso com a cidade, com o coletivo. A população não cobra compromissos essenciais com a segurança, com a educação, com a saúde, com o saneamento básico, com a transparência administrativa, com o combate à corrupção. Quais os compromissos sociais dos candidatos? Como eles pretendem deixar a cidade daqui a 4 anos? Que planos eles têm para mudar a realidade da insegurança reinante em Santa Inês? Que plano têm para o desenvolvimento da juventude? O que pensam em fazer em benefícios dos empreendedores? O que vão fazer para organizar a cidade, de modo especial, a Rua do Comércio, as ruas e avenidas esburacadas e sem sinalização? O que pretendem fazer para atrair investimentos geradores de emprego?
Vejo as pessoas levantarem cedo para caminhar e pedalar pelas ruas e avenidas da cidade, dividindo espaços com veículos automotores ou não. Já não é a hora de oferecer à população espaços específicos para caminhar, ou para pedalar? Temos lugares específicos que se urbanizados devidamente poderiam ser transformados em acolhedores parques de diversão, onde crianças e anciãos os utilizariam sem correrem riscos de atropelamento, ou de roubo.
Temos um guarda municipal necessária e numerosa, no entanto, o que se vê nas ruas são motocicletas transitando com condutores sem habilitação, sem respeito à precária sinalização, sem os equipamentos de proteção individual exigidos por lei, carregando excesso de passageiros sem os equipamentos e, consequentemente, a segurança devidos. A lei é para ser cumprida pelos cidadãos, assim faz-se no âmbito da sociedade civilizada, somente no estado de barbárie os indivíduos fazem a sua própria lei. Nós não podemos abrir mão desse pacto social à proporção que temos a Constituição Federal, a Constituição Estadual e a Lei Orgânica do Município. Assim, nenhum cidadão ou cidadã está acima das leis.
Aumenta a cada dia nas cidades brasileiras o número de mães e pais solteiros, trabalhadoras e trabalhadores que precisam ir à luta em busca do sustento das suas famílias. Essas pessoas carecem da ajuda dos municípios no apoio à educação dos seus filhos. Nesse sentido, creches e escolas de tempo integral são necessárias para acolher essas crianças, em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Certo dia estava em casa, um amigo foi acometido de um surto de pressão e me chamou para levá-lo ao pronto socorro de Santa Inês, que até aquele dia eu desconhecia. O meu amigo reclamava do atendimento, com razão. Quando eu cheguei no dito hospital, observei que se tratava de um prédio em ruínas, onde a médica que ali estava, coitada, não tinha quaisquer condições de exercer o seu ofício. Confesso que naquele instante senti muito pelas condições do meu amigo, daquela médica e dos demais enfermos ali internados, cujas roupas de cama tiveram que levar das suas casas. Em síntese, parecia um campo de concentração.
Santa Inês é, provavelmente, a única cidade do Brasil, na qual de nada adianta o cidadão ou a cidadã ter um plano de saúde. Pois, nenhuma empresa de saúde atende planos ou seguros de saúde aqui. Um absurdo! Quem aqui tem plano de saúde, se quiser ser atendido tem que se deslocar até Teresina, no Estado do Piauí, ou até São Luís do Maranhão. Pessoas pobres, ou sem planos de saúde se dirigem aos hospitais de Coroatá e de Monção. É necessário que se ressalte que nenhuma empresa privada está isenta de compromisso com a sociedade, portanto, têm que cumprir a sua função social. O acolhimento de planos de saúde, creio, deve fazer parte da função social dos hospitais particulares, pois, estes se beneficiam de uma série de investimentos sociais realizados pelo governo municipal, estadual, ou federal. Agora, é necessário que os próximos administradores atentem para esse fato e cobrem essas empresas.
O turismo é a maior indústria do mundo hodierno. Todo país, todo estado, toda cidade que se preza se prepara para ganhar com essa indústria. Santa Inês tem um potencial turístico que precisa ser desenvolvido. Temos um criatório de gado bovino de significativo valor, todavia, não temos sequer um parque para exposições agropecuárias. Fazemos parte de uma região do Estado do Maranhão com uma das maiores produção de peixes criados em tanques, com elevado potencial para fazermos anualmente um festival de peixes, com concursos culinários e outras atividades que ajudem a desenvolver mais ainda a piscicultura municipal e regional. Ademais, temos recursos naturais com potencial turístico e a maior rede hoteleira da região.
Como cidade polo, Santa Inês tem o principal papel de articulação com os demais municípios da região, portanto, o seu desenvolvimento poderá propiciar um desenvolvimento em cadeia dos municípios vizinhos, pois o turismo, a coleta, deposição e reciclagem do lixo urbano, a organização do transporte urbano, provavelmente, necessitará do envolvimento de municípios fronteiriços.
É preciso que os candidatos que no momento se apresentam como capacitados à administração desta cidade se comprometam a elaborar um planejamento estratégico que contribua para mudar para melhor o estado em que se encontra Santa Inês. A cidade precisa de um campus da universidade federal com cursos como direito, enfermagem, ciências agrárias e outros requeridos pelo município. Os campi aqui instalados são insuficientes para a demanda existente.
Enfim, quero lembrar que Santa Inês é hoje a cidade mais promissora do estado do Maranhão, ou seja, aquela que tem maior potencial para crescer e se desenvolver, entretanto, precisa de administrações profissionais, competentes, transparentes, devidamente planejadas. Uma cidade com a complexidade administrativa de Santa Inês não pode se dar o luxo de ter secretariado fantoche, gente sem habilitação que nada faz e um prefeito que reina como soberano absoluto sem dar satisfação ao povo que lhe elege.

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